sábado, 3 de abril de 2010

Esmola No. 1

"Esmolas para confundir o que há muito foi esclarecido."




O que vêem na fotografia é um dos tantos discos de apoio à independência das colónias africanas que circulavam na Europa nos anos 60 e 70. Este, em particular, é de apoio a Angola. A mensagem é puramente emocional como qualquer produto de propaganda (e, já agora, de publicidade). Aliás, a gentileza e o conteúdo das perguntas no interrogatório ao soldado capturado deixam-me perplexo e com dúvidas se, de facto, é uma situação real ou simplesmente uma representação para os microfones. Não obstante, o disco contém passagens fantásticas não só nos diálogos como nos trechos musicais.

O disco tem 27 faixas, sendo que metade são cânticos de guerra e de apoio ao MPLA. Eu penso que os segmentos falados têm mais interesse pelo impacto e raridade, de maneira que deixo aqui três exemplos de diálogos e apenas um de música.

Uma última nota: o disco é parco em informações sobre a edição em si, todavia é possível compreender que é um reedição de Novembro de 1975, ficando em aberto as datas das edições precedentes.



Interrogatório de um prisioneiro português







Discussão do plano de uma operação







Apelo de um desertor português transmitido pela rádio Tanzania no programa "A voz de Angola Combatente"







Avante MPLA




4 comentários:

  1. Esta gravação representa um atentado contra muita coisa, mas as transcrições das locuções são mesmo um crime de lesa-pátria para com a Língua Portuguesa! Bendito napalm!

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  2. Os fachos já te chovem aqui. Curiosamente vêm com a treta da língua portuguesa, com maiúscula, que é a frente mais recente deles.
    Eu arranjei um disco editado em Itália (na verdade em mp3) na mesma altura chamado Republica. Colo em baixo a nota informativa que vinha com o ficheiro:

    ""República" foi gravado em Roma, em 30 de Setembro e 1 de Outubro de 1975, nos Estúdios das Santini Edlzioni. Álbum de solidariedade para com o jornal República e a Reforma Agrária, editado em 1975, com interpretações de Zeca e de Francisco Fanhais, que inclui um tema inédito, Foi no Sábado Passado, escrito a propósito de uma manifestação de solidariedade com a revolução portuguesa, realizada em Roma. Os outros temas são Para não dizer que não falei de flores, do brasileiro Geraldo Vandré, Se os teus olhos se vendessem, Canta camarada, Eu hei-de ir colher macela, O pão que sobra à riqueza, Vampiros, Senhora do Almortão, Letra para um hino e Ladaínha do Arcebispo. Editado por iniciativa conjunta do Manifesto e das organizações Lotta Continua e Vanguardia Operaria, nunca foi distribuído em Portugal. O produto da venda dos discos destinava-se ao apoio da Comissão de Trabalhadores do Jornal "República" ou, caso o jornal fosse entretanto extinto, ao Secretariado Provisório das Cooperativas Agrícolas de Alcoentre. Viriato Teles


    1 - Para Não Dizer Que Não Falei De Flores (Geraldo Vandré)
    2 - Se Os Teus Olhos Se Vendessem (Popular)
    3 - Foi no Sábado Passado (José Afonso)
    4 - Canta Camarada (Popular/José Afonso)
    5 - Eu Hei-de Ir Colher Marcela (Popular/ José Afonso)
    6 - O Pão Que Sobra à Riqueza (Quadras de José Afonso com a música do "Vira de Coimbra")
    7 - Os Vampiros (José Afonso)
    8 - Senhora do Almortão (Popular Beira-Baixa/José Afonso)
    9 - Letra para um Hino (Manuel Alegre/Francisco Fanhais)
    10 - Ladaínha do Arcebispo (José Afonso)"

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  3. Conheço este disco de catálogo e faz tempo que o procuro, até agora nada feito. A minha curiosidade estende-se à literatura inclusa na brochura que o acompanha. Geralmente estas edições são muito frutuosas. Mas olha, não sabia que existe a cópia em mp3 Importas-te de ma passar?
    ps: tem calma!

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  4. http://rapidshare.com/files/372283937/republica.rar

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